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domingo, 19 de junho de 2011

A IDENTIDADE E SUAS DIFERENTES CONCEPÇÕES

Paraguassu de Fátima Rocha


A identidade pode ser entendida como:

         Processo de transformação, trocas e identificações;
         [...] uma espécie de encruzilhada existencial entre indivíduos e sociedade em que ambos vão se constituindo mutuamente. Nesse processo, o individuo articula o conjunto de referenciais que orientam sua forma de agir e de mediar seu relacionamento com os outros, com o mundo e consigo mesmo. A pessoa realiza esse processo por meio de sua própria experiência de vida e das representações da experiência coletiva de sua comunidade e sociedade, aprendida na sua interação com os outros. (NASCIMENTO, 2003, p. 31)
         É definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. (HALL)

         Sujeito do iluminismo:
- estava baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, consciência e ação.
- Centro consistia o núcleo interior: nascimento, desenvolvimento.
- Continuidade.

         Sujeito sociológico:
-         Descentralização do eu interior;
-         Forma-se a partir da relação com outras pessoas importantes para ele (interação entre o eu e a sociedade, mundo pessoal e público);
- Sujeito fragmentado, composto não só de uma, mas várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas. (HALL)

         Sujeito pós-moderno:
-         Não possui uma identidade fixa, essencial ou permanente
- A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada  continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam.

Configurações da identidade
           
            Castels (2000)

         Identidade de projeto: os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, buscar a transformação de toda a estrutura social.
         Identidade legitimadora: é introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais.
         Identidade de resistência: criada por atores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes últimos.

Identidades negras

Saídas encontradas pelos afro-descentes para se integrar ao mundo novo:

         Assimilacionista:
   - o afro-descendente assimila a cultura branca, em função de um racismo internalizado através do qual se julga inferior ao branco;
   - a vítima do racismo internalizado geralmente deseja ser branco ou parecer branco. (Munanga, 1986)

         Nacionalista:
   - o afro descendente se isola no mundo negro, em função do orgulho racial através do qual valoriza os valores culturais negros
   - importância da família, comunidade, igreja no esforço de sobreviver às duras realidades do racismo (Tyson (2001, p. 152)

         Catalista:
   - fusão dos mundos negro e branco, em função de uma busca da solidariedade através da qual harmoniza valores culturais brancos e negros. (WEST, 1993, p. 85)


REFERÊNCIAS

CASTELLS, Manuel. Le pouvoir de l´identité. Paris: Fayard, 1999.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. São Paulo: Ática, 1986.
NASCIMENTO, Elisa Larkin do. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero do Brasil. São Paulo: Summus, 2003.
NASCIMENTO, Abdias do e LARKIN, Elisa Larkin N. Africans in Brazil: A Pan-African Perspective. Trenton, NJ: África World Press, 1992.
TYSON, Louis. Learning for a diverse world: using critical theory to read and write about literature. London: Routledge, 2001.
WEST, Cornel. Keeping Faith: Philosophy and race in América. London: Routledge, 1993.
--------------------. O niilismo na América Negra. In: Questão de Raça. Trad. Laura Teixeira Rocha. São Paulo: Companhia das Letras. 1994.



 




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