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quinta-feira, 30 de junho de 2011

TEORIA LITERÁRIA:TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS (resumo)

Teorias da narrativa

As correntes atuais representam um rompimento com as críticas:
- Biográfica
- Histórica
- Filosófica
 
Formalismo Russo
Corrente textualista (concentra-se na materialidade do texto literário);
Recusa as explicações extraliterárias;
Distinção entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana;
A forma está intimamente ligada ao significado; às estratégias verbais, ao estranhamento;
Literariedade (aquilo que torna determinada obra uma obra literária).
 
New Criticism 
Corrente textualista;
Critíca científica e metodológica;
Estudo minucioso dos elementos internos do texto (close reading ;
Literariedade;
Poemas como objetos estéticos.


Estruturalismo  
A estrutura do texto é a condição para que o significado seja compreendido;
Analisa as estruturas que operam inconscientemente: linguagem, psique, sociedade.
Saussure: signos regidos pela diferença.
Claude Lévi-Strauss: estruturalismo antropológico (estudo das culturas primitivas, sentido dos mitos, ritos e tabus reside na diferença).
Barthes: estruturalismo cultural (funcionamento das culturas e subculturas através da utilização de signos – semiótica).
 
Sociologia  
Fenômeno da literatura faz parte de um contexto maior: sociedade, cultura;
A literatura é criada numa determinada língua, num determinado país, numa determinada época, onde se pensa de determinada maneira.
Lukács:
- a degradação dos valores humanistas está revelada na literatura;
- analisa as diferenças entre os gêneros épico, lírico e dramático: a forma está ligada à mentalidade da sociedade que o originou.
Lukács/Goldman:
- herói problemático: procura valores autênticos num mundo degradado.
Bakhtin:
- dialogismo: todo ato de linguagem pressupõe a existência de um receptor;
 - polifonia: manifestação do dialogismo, porém as vozes que dialogam entre si entram em choque por assumirem posições diferentes;
- carnavalização: inversão da ordem social;
- cronótopo: relação entre tempo e espaço.
Relação entre obra e sociedade:
- deve ser investigada na estrutura que compõe o texto;
- relação dialética: sociedade influencia a obra e vice-versa;
- obras de agregação: procuram ficar dentro de um sistema simbólico já conhecido;
- obra de segregação: caráter inovador.
  
Psicanálise 
Utilização principalmente das teorias de Freud para a análise da obra literária (inconsciente, pré-consciente e consciente);
Orientação interpretativa;
Discurso: articulação entre significações conscientes e inconscientes;
Inúmeras possibilidades de significação.
Carl Jung
- mundo externo x mundo interior;
- consciência x inconsciência (pessoal e coletivo);
- ego x sombra.
Jean Paul Sartre
- filosofia da liberdade (não há moral possível).
Gaston Bachelard
- busca reconstituir o significado a partir de uma imagem principal da obra e descobrir nessa imagem o mundo mais significativo para o artista.
Jacques Lacan
- o simbólico é controlado pelo falo.

Pós-estruturalismo
Enfatiza uma crítica do conhecimento, da totalidade do sujeito (o indivíduo é formado por estruturas sociológicas, psicológicas e linguísticas sobre as quais não tem nenhum controle);
A língua é a chave do conhecimento;
Ambiguidade do texto, relativização do significado, multiplicidade de interpretação;
Texto como construção de poder e controle;
A estrutura do texto é produzida pelo leitor;
O texto é uma sequência de signos que produzem sentido.
Roland Barthes
Barthes considera que cada obra é diferente e classifica-as em obras abertas e acabadas.
A leitura da obra aberta causa desconforto ao leitor (texto de fruição) e permite uma pluralidade de significados (texto escrevível); já a obra acabada é considerada como texto de prazer (leitura de um best-seller, por exemplo) e tem um significado fixo (texto legível).
Morte do autor e nascimento do leitor.
Julia Kristeva
Toma como base o sistema psicanalítico.
Relação entre o normal e o poético: a linguagem poética abala a ordem simbólica e fechada da sociedade (semiótica)

Estética da Recepção
Recupera a experiência de leitura e a apresenta como base para se pensar tanto o fenômeno literário quanto a própria história literária;
Linguagem incapaz de traduzir todas as intenções do falante;
Texto como estrutura cheia de lacunas;
Leitor como instância fundamental na construção de sentido;
Apreensão da essência do texto através da experiência do leitor.
Jauss:
- pensa no caráter artístico de um texto em razão do efeito que este gera em seus leitores;
- sincronia e diacronia: preocupa-se com a recepção atual e a recepção ao longo da história.
Iser:
- o leitor põe a obra em movimento e se põe em movimento devido aos diferentes pontos de vista oferecidos pelo texto e a relação que faz com suas diferentes visões e esquemas;
- o leitor preenche as lacunas deixadas pelo texto independente da época em que a obra é escrita.

Desconstrução

Derrida
Crítica das oposições hierárquicas que estruturam o pensamento ocidental, tais como: bem x mal; dominador x dominado; forte x fraco; presença x ausência; corpo x mente; homem x mulher.
Desconstruir  uma oposição é mostrar que ela não é natural nem inevitável, mas uma construção.

Pós-colonialismo 
Crítica que envolve a noção de colonizador x colonizado e a literatura como produto ou ilustração dessas oposições;
Íntima relação entre o discurso e o poder;
Abrange a cultura e a literatura;
Fatores que propiciam o desenvolvimento:
- conscientização nacional;
- diferença da literatura do centro imperial.

Geneticismo
Crítica genética:
- interroga sobre o trabalho de criação do texto, analisando a aventura intelectual exercida – estudo de manuscritos.
Análise genética:
- garantir a autenticidade do escrito – o manuscrito é tratado como algo sagrado;
- rascunhos são o testemunho do trabalho do escritor;
- o protexto é uma reconstrução dos antecedentes;

Novo Historicismo
Interpretação crítica que privilegia as relações de poder
Apresenta os textos literários como um espaço no qual tornam-se visíveis as relações de poder;
Relação entre o poder e as práticas sociais e culturais.


MATERIALISMO CULTURAL
Consolidação da ideologia do poder dominante;
Transgressão à ordem;
Repressão às pressões subversivas.

FEMINISMO
Desconstrução do caráter discriminatório das ideologias de gênero;
Transformação da condição de inferioridade da mulher.
Principais conceitos:
- feminino: características da mulher definidas culturalmente; sentido biológico.
- feminista: movimento que preconiza os direitos civis e políticos da mulher.
- gênero: relação entre os atributos culturais referentes a cada um dos sexos, implica diferença sexual e cultural.
- logocentrismo: desmontar e desqualificar a mistificação no discurso filosófico ocidental.
- falocentrismo: desafiar a predominância da ordem masculina.
- patriarcalismo: a organização familiar se concentra na figura de uma chefe.
- desconstrução.
- alteridade: princípio da diferença.
- mulher sujeito/mulher objeto: insubordinação/submissão.
Enfoques da crítica feminista
Biológico:
(tradição patriarcal) os papéis atribuídos à mulher correspondem à ordem natural e dizem respeito ao corpo feminino;
(feministas) atributos do corpo feminino são atributos de superioridade
Textual: tenta responder às diferenças de gênero, contesta o domínio masculino da linguagem, propõe a adoção de uma linguagem feminina revolucionário
Psicanalítico: baseia-se nas teorias de Lacan
Político cultural: relação entre gênero e classe social; analogia entre a noção de experiência a produção literária da mulher
Repressão às pressões subversivas Relação entre o poder e as práticas sociais e culturais
Representação da mulher na literatura 
Estereótipos da mulher:
- Sedutora, perigosa, imoral
- Megera
- Mulher anjo, indefesa, incapaz, impotente
Estágios da crítica feminista
Showalter:
- crítica feminista: a mulher como leitora
- análise dos estereótipos femininos
- análise do sexismo
- análise da pouca representatividade
- ginocrítica: a mulher como escritora
- estudo da história, do estilo, dos temas, dos gêneros e da estrutura dos textos literários
- estudo da psicodinâmica da criatividade feminina
- estudo da trajetória da carreira literária da mulher
- estudo da evolução e das leis da tradição literária de mulheres
 
REFERÊNCIAS

         BARTHES, R. S/Z. New York: Hull & Wang, 1975.
         ------------------ The pleasure of the text. New York: Hull & Wang, 1975.
         BOSI, Alfredo. Nos meandros do manuscrito. São Paulo: Edusp, 1993.
         BONNICI. T et al. (org.) Teoria Literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2005.
         CULLER, J. Teoria da Literatura: uma introdução. São Paulo: Beca, 1999.
         SHOWALTER, E. A crítica feminina no território selvagem. In: HOLANDA, H.B. Tendências e impasses. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
         SHOWALTER, E. A literature of their own. New Jersey: Princeton UP, 1985.



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