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terça-feira, 12 de julho de 2011

POESIA NORTE-AMERICANA III - A INOVAÇÃO DA LINGUAGEM EM WALT WHITMAN E EMILY DICKSON

Paraguassu de Fátima Rocha

Walt Whitman e Emily Dickson representam dois expoentes da poesia norte-americana. Entretanto, o esplendor da genialidade não lhes impediu de trilhar caminhos diferentes. Whitman destaca-se em vida defendendo as cores de sua terra, diferentemente de Dickson que só teve sua poesia reconhecida após a morte. Ambos inovaram na forma e na linguagem da poesia americana, pois enquanto Whitman incluiu em seus poemas "palavras grosseiras e diretas", Emily não se orientava pela gramática na composição de seus poemas.

POESIA NORTE AMERICANA II - ETERNIDADE EM "I DIED FOR BEAUTY' DE EMILY DICKSON


Paraguassu de Fátima Rocha

I died for beauty but was scarce
Adjusted in the tomb,
When one who died for truth was lain
In an adjoining room.
He questioned softly why I failed?
"For beauty," I replied.
"And I for truth, the two are one;
We brethren are," he said.
And so, as kinsmen met a night,
We talked between the rooms,
Until the moss had reached our lips,
And covered up our names.

"I died for beauty" se assemelha ao poema "Annabel Lee", de Poe, uma vez que projeta um encontro de almas na eternidade, mesmo que a morte do eu lírico de Poe ocorra em sentido simbólico. O poema de Emily Dickson retrata em seu primeiro quarteto a aceitação da morte como elemento pacificador da alma, além da busca compartilhada de busca, demonstradado através do diálogo entre o eu poético e seu interlocutor. As duas últimas estrofes descrevem o cessar da busca e o silêncio imposto pela morte através do crescimento do musgo sobre os lábios.

POESIA NORTE-AMERICANA I - MAGIA, AMOR E MORTE EM "ANNABEL LEE" DE EDGAR ALLAN POE

         Paraguassu de Fátima Rocha

ANNABEL LEE
(Edgar Allan Poe)

I was a child and she was a child,
In this kingdom by the sea;
But we loved with a love that was more than love-
I and my Annabel Lee;
With a love that the winged seraphs of heaven
Coveted her and me.

          O poema "Annabel Lee" representa um hino de amor dedicado à jovem esposa de Edgar Allan Poe. Isso se evidencia no primeiro verso da última estrofe "She was a child" e também pela referência ao próprio "eu" em "I was a child". O sentimento é gritante aos olhos do leitor, especialmente pela repetição da palavra "love", o que confere sonoridade ao poema. É através de um eu-lírico extremamente emocional que Poe transforma um poema de características góticas - ligado ao tema da morte - em um lirismo suave, próximo a uma canção que acalenta sonhos.
        A referência à infância está implicita no segundo verso "In this kingdown by the sea", pois a jovialidade de sua musa remete o eu poético ao universo dos primeiros anos, levando-o a criar um muno mágico como só as crianças são capazes de fazer. O poema soa como castelos contruídos à beira mar. Esses castelos, porém, edificados pelo autor são destruídos por forças alheias à vontade do criador. Entretanto, segundo o poeta, a grandeza do amor que o une à sua amada é infinitamente superior à distância e à morte que vem a lhes separar.
         O uso de recursos poéticos como paralelismo "She was a child", "I was a child", "But we loved with love that was more than love [...], "With a love that the winged seraphs [...], presentes nos 1o., 3o. e 5o. versos; rimas interpoladas nos 2o., 4o. e 6o. versos; a repetição do fonema /i/ em "sea", "Lee" e "me" remetem ao passado, conferem ritmo e transmitem o lamento pela perda da amada.