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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ENCONTRO DE CULTURAS

Paraguassu de Fátima Rocha

            A discussão em torno da cultura é desenvolvida através das abordagens filosófica e antropológica. A primeira define cultura como toda forma de manifestação humana e a segunda a entende como aquela que compreende hábitos, costumes, crenças e tradições, entre outras, que representam a identidade de um povo. Destacam-se as culturas de elite, feitas pela elite e para a elite; popular, a qual surge nas camadas populares e reflete especialmente a arte de um povo, diferenciando-o dos demais; e, a cultura de massa que enfoca toda e qualquer manifestação popular. Destacam-se também os conceitos do Evolucionismo Social, o Funcionalismo e o Estruturalismo.
O Evolucionismo destaca-se pela visão evolutiva da sociedade e tem início num estado primitivo no que se refere às religiões, prevalecendo, a principio, o animismo que tem na natureza o seu objeto de adoração. Segundo essa teoria, desenvolvida por Henry Morgan, Herbert Spencer e Edward Tylor, as crenças passam pelo domínio do politeísmo, monoteísmo e ateísmo. Quanto à evolução social, sua origem se dá através da anarquia sexual, passando para o matriarcado poligâmico, o patriarcado poligâmico e a monogamia.
A corrente do Funcionalismo é explicada segundo as teorias de Bronislaw Malinowski. Para ele, todo comportamento social tem uma função e traduz a prática cultural que se explica através de sua essência e não através da aparência. Malinowski também faz uso do recorte sincrônico que implica no estudo de situações atuais para fundamentar suas teorias. O antropólogo, entretanto, não consegue dar conta das transformações por que passam as sociedades.
Já o Estruturalismo, defendido por Claude Levi Strauss, deriva da concepção linguística de Saussure e estabelece sistemas de regras, além de defender determinadas práticas sociais como o incesto. A cultura para Strauss é um processo dialético em que se combinam a tese, a antítese e a síntese, essa ultima caracterizando a reafirmação da identidade.
Os estudos atuais compreendem as considerações de Clifford Geertz, o qual vale-se da hermenêutica para fazer a interpretação antropológica e reintroduz o contexto histórico. Geertz também defende a interpretação das culturas e analisa as diferenças de comportamentos interpretando os fatos apresentados através de uma descrição densa que consiste na busca dos significados neles embutido. O autor, no entanto, não consegue explicar a prática social por ela mesma e busca uma leitura possível, não acreditando que possa atingir a essência, além de defender que a literatura representa-se para si mesma e que as condições particulares das personagens é que são universais, projetando um estado de identificação. Nesse contexto de interpretação, a teoria literária faz uso dos princípios de Geertz para proceder a análise de seus textos.
Incluem-se ainda os estudos de Max Weber e Ludwig Wittgenstein. Para Weber a cultura se apresenta como um sistema de signos e a possibilidade de imaginar a realidade sem a presença de um determinado fator. Wittgenstein defende a cultura como processo de dominação, considerando que o texto escrito serve como referência para a compreensão do contexto atual e argumenta que não pode haver generalização porque um fato ocorrido em uma pequena comunidade não implica que alcance caráter universal.
O filme de Fábio Barreto, A paixão de Jacobina (2002), foi escolhido para ilustrar a “descrição densa” de Geertz, destacando-se a confusão de códigos culturais. O filme mistura personagens históricos com personagens fictícios sugerindo a leitura etnográfica, também proposta por Geertz. Segundo o teórico,  a prática da etnografia se dá pelas relações que se estabelecem entre os textos e a transcrição dos mesmos, entre outros. O filme projeta a ideia da redução de uma forma tradicional a uma farsa social em que a religião é usada como forma de acobertar a devassidão.

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