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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Análise do poema "The world is too much with us" de William Wordsworth

 Paraguassu de Fátima Rocha

The world is too much with us; late and soon,
Getting and spending, we way waste our powers;
Little we see in Nature that is ours;
We have given our hearts away, a sordid boon!
This Sea that bares her bosom to the moon,
The winds that will be howling at all hours,
And are up gathered now like sleeping flowers,
For this, for everything, we are out of tune;
It moves us not. – Gret God! I’d rather be
A pagan suckled in a creed outworn;
So might I, standing on this pleasant lea,
Have glimpses that would make me less forlorn;
Have sight of Proteus rising from de sea;
Or hear old Triton blow his wreathed horn.

             “The world is too much with us” é um soneto tradicional que segue o modelo binário italiano, é composto de 14 versos, sendo duas oitavas e dois sextetos.     Apresenta versos e rimas regulares. Cada verso é composto de 10 sílabas, cujas rimas externas dos quartetos seguem o esquema abba, sendo as rimas bb consideradas emparelhadas e as aa, interpoladas. Já nos tercetos, as rimas se apresentam como alternadas. Esse conjunto de rimas está ligado ao sentimento do eu lírico em relação à presença do homem no mundo e seu contato com a natureza. A ocorrência do fonema /u:/ como em “soon, boon, moon e tune” está relacionada ao lamento do eu lírico pelo progresso desordenado que afeta a natureza, enquanto que os fonemas /au/ de “powers, ours, e flowers” tentam retomar as imagens da natureza intacta, expressando ideias positivas. Essas rimas estão presentes nos dois primeiros quartetos do poema.
            Tem-se também no início do primeiro terceto um verso espondaico “ – Great God!” indicando  uma mudança de sentimento, pois  verifica-se a presença dos fonemas /i:/ e /Ɔ:/ nas rimas finais, o primeiro representando o apelo espiritual do eu lírico  para que a natureza escape da ação do homem. Isso se evidencia pela intensidade de suas palavras “Great God!”(9) que funcionam como um grito, uma invocação a Deus; e o segundo determinando uma solução pessoal e praticamente impossível desse problema.
            A disposição das palavras nos versos as rimas sugerem tanto o movimento das ondas do mar, quanto os sons da natureza, representados pela letra “w”, presente nas palavras “world, with, waste, we, winds e would” o que constitui uma aliteração e indica os diferentes cantares do vento. Verifica-se também a presença de rimas internas como “late/waste (1,2) see/sea (3,5),  might/sight (11,13).
            O simbolismo neste poema é criado a partir de imagens e metáforas que representam a paixão do poeta, William Wordsworth, pela natureza e o seu conflito com  o progresso, cuja comunhão é ironizada pelo poeta.
            O título e o início do poema constituem uma metáfora do pensamento humano sobre si mesmo e o sobre o domínio dado por Deus sobre as criaturas que habitam a Terra, além de transmitir a relação entre passado e presente que determinam através de lembranças o início de todas as coisas e como elas se modificam com o progresso, denotando o ciclo das coisas que acontecem na vida.  Essa ideia se exemplifica com o uso das palavras “late and soon”.
            O poeta demonstra seu cinismo quando se refere à ambição material causada pela Revolução Industrial no início do século XIX, fazendo alusão à ganância da espécie humana “a sordid boon” (4), à inocência da natureza “This Sea that bares her bosom to the moon,” (5) cujo verso representa, através da personificação do mar, uma das mais belas metáforas do poema, pois indica uma entrega somente possível na visão salvadora de Wordsworth, e que, juntamente com os versos que se seguem “The winds that will be howling at all hours,/And are up gathered now like sleeping flowers,/(5-7), sugerem  o quão indefesa é a natureza mediante a destruição feita pelo homem. No oitavo verso “For this, for everything, we are out of tune;” está expressa a visão da espécie humana ao tratar da natureza, pois não se comove e nem percebe os impactos ambientais que causa.
            Nos versos iniciais tem-se a acusação clara do poeta à idade moderna por haver perdido seu contato com a natureza e tudo que ela representa “Getting and spending, we lay waste our powers;” (2), significa que os seres humanos preocupam-se mais com valores materiais e perdem o seu contato espiritual com a mãe natureza. “Little we see in Nature that is ours;” (3) transmite a ideia de que a natureza não é um bem de consumo para ser explorada pelo homem, mas que deveria coexistir com a humanidade. “We have given our hearts away, a sordid boon” reflete a desilusão do poeta, pois em função do estilo de vida materialista, tudo perde seu significado original.
            A parte final do poema retrata o desejo do poeta em ser pagão “(..) I’d rather be/A Pagan sucled in a creed outworn;” (10-11) – novamente a referência à infância, uma vez que segundo o Cristianismo, a criança até ser batizada é considerada pagã – tendo portanto, uma visão diferente do mundo, de maneira que “(..) standing on this pleasant lea” (11) ele poderia ver imagens de deuses antigos levantando das ondas, uma visão que poderia gratificá-lo profundamente e funcionar como uma vingança da natureza contra o ser humano.  “Have sight of Proteus rising from the sea;/Or hear old Triton blow his wreathed horn.” indicam seu sonho de que estes deuses do mar poderiam salvar a natureza da ação predatória do homem.
            Ao longo do poema registra-se ainda a ocorrência de repetição de palavras com o mesmo nível semântico como “see, sight e glimpses”, todas relacionadas à visão do eu lírico sobre o passado e o presente; da palavra “sea” e de símbolos ligados a essa força na natureza como “Proteus e Triton”.
            Há ainda paralelismos sintáticos nos versos 5 e 6 “This Sea that bares her bosom to the moon,/ The winds that will be howling at all hours,”, nos quais o pronome “that” é usado como referência aos substantivos que o antecedem;  e versos 12 e 13 “Have glimpses that would (…)/Have sight of Proteus (…)”, cujo verbo “have” é usado na forma infinitiva sem “to” por preceder o verbo auxiliar “might” na pergunta feita no verso 11 “So might I, (...)”.
            William Wordsworth resgata através do eu lírico neste poema a maneira como ele gostaria de viver, ou seja, em perfeita harmonia com a natureza.
           

REFERÊNCIAS



GOLDSTEIN, NORMA. Análise do Poema. 1a. ed. Ática: SÃO PAULO: 2001. 48 p.
The world is too much with us. Disponível em: http://www.123helpme.com



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